Associação entre Temperamento Afetivo e Obesidade Mórbida: Estudo de Caso-Controle

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Sivan Mauer Associação entre Temperamento Afetivo e Obesidade Mórbida: Estudo de Caso-Controle APA

Dr. Sivan Mauer e Dr. Alexandre Karam J. Mousfi, representando a Faculdade Evangélica Mackenzie, apresentaram recentemente um estudo inovador na American Psychiatric Association (APA), explorando a associação entre temperamento afetivo e obesidade mórbida. Este estudo é um passo importante na compreensão das complexas interações entre fatores psicológicos e emocionais e a obesidade mórbida.

Compreendendo os Temperamentos Afetivos

Os temperamentos afetivos, componentes do espectro dos transtornos de humor, incluem hipertimia, distimia e ciclotimia. Hipertimia caracteriza-se por um estado maníaco leve e crônico, distimia por sintomas depressivos leves e persistentes, e ciclotimia por alternâncias constantes entre sintomas maníacos e depressivos. Estudos anteriores já demonstraram uma forte correlação entre obesidade e transtornos de humor, mas a investigação sobre como esses temperamentos específicos podem influenciar a obesidade mórbida ainda é limitada.

Objetivo do Estudo

O objetivo deste estudo foi avaliar a frequência dos três principais tipos de temperamentos afetivos em pacientes com obesidade mórbida e em controles sem diagnóstico de obesidade. Além disso, buscou-se estabelecer uma possível associação entre temperamentos afetivos e obesidade mórbida em pacientes candidatos à cirurgia bariátrica.

Metodologia

O estudo adotou um desenho transversal caso-controle.

Participantes: 106 casos (pacientes com obesidade mórbida) e 100 controles (não obesos).

Critérios de Inclusão

Controles: IMC < 30 kg/m², maiores de 18 anos, colaborativos e que assinaram o consentimento informado.

Casos: IMC ≥ 40 kg/m² ou ≥ 35 kg/m² com comorbidades, em acompanhamento pré-operatório de cirurgia bariátrica, maiores de 18 anos, colaborativos e que assinaram o consentimento informado.

Critérios de Exclusão: Recusa em colaborar, comprometimento funcional ou sensorial, gravidez e cirurgia bariátrica prévia.

Avaliação de Temperamento: Aplicação da escala TEMPS-Rio de Janeiro.

Avaliação de Sintomas: Sintomas depressivos, de ansiedade e maníacos foram avaliados pelas escalas de Hamilton e Young.

Análise Estatística: Modelos de Regressão Logística foram utilizados para análise univariada e multivariada, com odds ratio e intervalos de confiança de 95%.

Resultados

Os resultados revelaram que 74,5% dos indivíduos com obesidade mórbida apresentavam pelo menos um tipo de temperamento afetivo, em comparação com 63% do grupo controle. A análise detalhada mostrou que, entre os participantes com 50 anos ou mais, aqueles com temperamento hipertímico tinham 2,56 vezes mais chances de serem obesos mórbidos.

Outros achados incluem:

Prevalência de Diagnósticos Psiquiátricos:
33% dos pacientes com obesidade mórbida relataram algum diagnóstico psiquiátrico, comparado a 19% no grupo controle.

Comorbidades Clínicas:
79,2% dos indivíduos obesos mórbidos apresentavam comorbidades como hipertensão (45,2%), diabetes mellitus (31,3%) e dislipidemia (22,6%).

Tratamentos Psiquiátricos:
Maior número de indivíduos em tratamento psiquiátrico e psicoterapia no grupo de obesos mórbidos.

Discussão

A descoberta de que a hipertimia, entre os três temperamentos afetivos avaliados, é um fator de risco para obesidade mórbida, especialmente em indivíduos com 50 anos ou mais, é significativa. Esses temperamentos com sintomas maníacos, como hipertimia e ciclotimia, podem contribuir para comportamentos alimentares disfuncionais e, consequentemente, obesidade mórbida.

A prevalência de transtornos de humor e ansiedade em pacientes com obesidade mórbida reforça a necessidade de uma abordagem holística que considere fatores psicológicos e emocionais no tratamento da obesidade.

Conclusões

Este estudo evidencia que, na faixa etária de 50 anos ou mais, indivíduos com temperamento hipertímico têm uma chance significativamente maior de desenvolver obesidade mórbida. Essas descobertas sublinham a importância de integrar avaliações de temperamento e saúde mental no manejo da obesidade mórbida.

Para mais detalhes e acesso completo aos dados do estudo, o pôster apresentado por Dr. Sivan Mauer e Dr. Alexandre Karam J. Mousfi está disponível para download.