Efeitos colaterais dos antipsicóticos: distonia aguda
A classe dos antipsicóticos pode causar uma série de efeitos colaterais, alguns agudos e outros após o uso crônico do medicamento. Um dos efeitos agudos mais comuns dos antipsicóticos é a distonia aguda. Este efeito colateral tem diminuído com os antipsicóticos mais modernos, mas mesmo com eles o risco ainda existe. Todo médico que prescreve bloqueadores da dopamina deve estar atento e saber tratar este efeito colateral. Este efeito colateral pode ser ocasionado também por antieméticos e antidepressivos. Distonia é uma postura anormal ou espasmos musculares que se desenvolvem após o início do medicamento ou o rápido aumento de dose. Estudos mostram que existem fatores de risco como: jovens do sexo masculino, uso de cocaína e história de distonia aguda. Efeitos anticolinérgicos podem reduzir o risco de distonia aguda.
Em 95% dos casos a distonia aguda aparece, em média, nas primeiras 96 horas do início do uso do medicamento ou após um aumento grande da dose. O quadro normalmente aparece na cabeça ou no pescoço, como por exemplo crise oculógira, trismo, disartria, blefaroespasmos e dificuldades de engolir. Outra forma relativamente comum é o opistótono. O diagnóstico diferencial deve levar em conta os quadros de conversão, catatonia, distonia tardia, epilepsia temporal e hipopotassemia.
O tratamento da distonia aguda costuma ser muito eficaz. Frequentemente se dá com o uso de anticolinérgicos. A opção mais usada e que reúne mais dados científicos é o biperideno 5 mg injetável. Uma alternativa a este medicamento é o uso dos anti-histamínicos como a prometazina 25 mg injetável. Estes medicamentos são normalmente efetivos em 20 minutos quando usados por via intramuscular.
Ocasionalmente, quando a distonia persiste, uma segunda e terceira doses devem ser usadas – com intervalos de meia hora. O uso destes medicamentos intravenosos só deve ocorrer quando o caso for muito grave e ameaçar a vida do paciente. Em alguns casos de crise oculógira que não respondam aos anticolinérgicos, o uso de clonazepam (0,5 mg a 4 mg) pode ser benéfico. Após a distonia ser resolvida, o anticolinérgico deve ser mantido por 24 a 48 horas, para prevenir recorrência.
O uso destes medicamentos como profilaxia da distonia aguda deve ser feito para os pacientes com história de distonia de uso de antipsicóticos de alta potência (como o haloperidol) ou que não possam usar, ou não respondam a, outros antipsicóticos, com riscos menores de causar este tipo de efeito colateral. Uma alternativa aos anticolinérgicos seria a amantadina 100 mg, de uma a três vezes ao dia.
A distonia aguda é um efeito colateral comum, mas que tem diminuído devido ao uso dos novos antipsicóticos com menor capacidade de bloqueio da dopamina. Ainda assim, deve-se compreender o diagnóstico e o tratamento deste efeito colateral
Artigo publicado no Medscape em 07 de janeiro de 2019